quinta-feira, 18 de julho de 2013

Parte 01 - Inteligência e Espionagem


Desde os primórdios a espionagem vem fazendo parte da humanidade e dos Estados.
No século IV A.C.; o General  Sun-Tzu  em uma das suas estratégias deixou o legado: “Tenha espiões por toda parte, seja informado sobre tudo, não negligencie nada que possa aprender...Um exército sem agentes secretos é um homem sem olhos nem orelhas.”

Moisés escolhe doze dos seus melhores homens para "espiar" a Terra de Cannã".
O imperador romano Júlio Cesar chama seus "engenheiros" para inventar uma barreira contra espiões que ouviam suas conversas com seus generais.

A história e os interesses evoluem e a espionagem também.
A partir do século XV as nações europeias buscam estratégias internas, protegendo  seus estados contra conflitos sociais e problemas econômicos.  Nas estratégias externas os Estados europeus intensificam a busca de riquezas e a necessidade de proteção de ameaças inimigas.
Nesta época a Europa buscava estratégias de segurança com redes de informações modernas, espionando seus inimigos e procurando novos negócios pelo mundo. Além disso, era necessário buscar sistemas eficientes de Contra-Inteligência para proteção da " Inteligência da Diplomacia", voltado para consolidar o poder e a ambição dos Estados europeus.
Os europeus ampliam seus interesses buscando aumentar sua influência entre os Estados e suas novas colônias. Nesta situação as metodologias da busca de informações se intensificam a terem espiões onde se tem interesse.
Na área de inteligência, as nações desenvolvidas da época, voltam seus serviços e conhecimentos para o exterior ganhando a imagem de ter espiões como principal fonte de obtenção de informações externas.
Nesta época a Inteligência Militar se intensifica buscando conhecer o inimigo para combate lo nos campos de batalha e também produzir conhecimento e proteção do Estado.
Napoleão utilizava se muito do sistema de Inteligência para obter informações, além de ser o chefe do Serviço de Inteligência Francesca.
O modelo napoleônico desenvolveu novas técnicas na produção de conhecimento, inovações tecnológicas, transportes, comunicações  através de sistemas de inteligência e contra-inteligência. Napoleão sempre contou com seus agentes internos e externos para obter informações.
Os  interesses e os conflitos se intensificam na Europa no final do século XIX. Os modelos de Inteligência já existentes inspiram novos Estados como a Prússia e a Inglaterra.
Com a Primeira Guerra Mundial a busca de informações se intensificam através de estratégias de combate e também da espionagem no exterior captando informações para alimentar os sistemas dos Estados.
Já na Segunda Guerra Mundial alguns serviços de inteligência Inglaterra, Estados Unidos, Alemanha e Rússia se destacam e especializam no combate de guerra.
As necessidades intensificam e essas nações através de seus espiões buscam informações estratégicas para corroborar na defesa e segurança de seus interesses.
O sistema Enigma de criptografia e descriptografia de mensagens secretas que os alemães utilizaram para acessar informações, foi quebrado pelos aliados e as informações obtidas foram fundamentais para o fim da Segunda Grande Guerra.
Em 1943 uma grande operação de espionagem é alavancada entre Inglaterra e Alemanha , os ingleses buscando informações estratégicas sobre a invasão da Sicilia e os alemães tentando proteger essas informações, utilizando várias técnicas de espionagem.  O comandante inglês Montagu, foi o responsável pela operação e o sucesso da mesma.  Um grande homem e patriota.
Com o final da Guerra as nações vencedoras intensificam investimentos na área de Inteligência e Contra-Inteligência, preparando e protegendo seus interesses buscando novos negócios e aumentando seu poder pelo mundo.
Com o fim da Segunda Guerra e o surgimento da Guerra Fria, duas nações se destacam na liderança mundial  Estados Unidos e a ex URSS.
As duas nações fizeram bem lição de casa, confiando no ciclo da história e investindo nas suas agências de inteligência CIA e KGB, que foram muito atuante na defesa de seus interesses.
Na Guerra Fria foram travadas várias situações históricas pela na Europa, nas Américas, na Ásia e África.
Os interesses nacionais e empresariais se expandem buscando informações e lucro, utilizando ferramentas dentre elas a espionagem.
A inteligência se solidifica na grandes nações e essas mesmas incentivam as inteligências estratégica, militar, competitiva e/ou empresarial .
Após atentados terroristas nos Estados Unidos, N.Y., 11/09/2001, um novo paradigma mundial se inicia, o combate ao terrorismo e acirra o interesse pela inteligência e espionagem, comentado pela imprensa, sociedade e estados.

Continuarei o assunto na parte 02.

 

 

domingo, 23 de junho de 2013

Caos na Gestão de Crise


Nas últimas duas semanas o Brasil vive uma situação inusitada em nossa história. Milhares de brasileiros se manifestam por causas justas buscando um país melhor.
As manifestações se iniciaram em São Paulo e Rio de Janeiro, e as contra medidas não foram  eficientes e adequadas, aumentando então, a tensão entre manifestantes e policiais.
A massa e a crise foi crescendo pelo país e,  qual foi a reação e as contra medidas do governo perante as manifestações?

Será que o GSI - Gabinete de Segurança Institucional - não tinha as informações estratégicas para assessorar a presidente da República?  E nos estados e municípios, não tem assessoramento para crise?
Será que a presidente não acredita na Inteligência Brasileira? ou o Ministro do GSI não está tendo a liderança e comando do gabinete e/ou mesmo da ABIN?
A Inteligência é a ferramenta fundamental para gerenciar um país e também uma empresa. Nos Estados Unidos, a inteligência é uma ferramenta prioritária para assegurar a segurança e a democracia do país. Quando se inicia uma crise, o presidente americano assume o comando e controle do gabinete de crise, conforme protocolos de local e dos membros participantes.
Se a Inteligência  foi ignorada ou mesmo descartada,  a presidente fica no escuro, sem entender e tomar decisões perante a crise nacional.
As manifestações cresciam todos os dias, e a população, empresas, imprensa e a comunidade internacional buscavam informações oficiais  junto aos governos federal, estaduais e municipais.
Mas a onde buscar a informação correta?
 O governo federal,  estados e municípios afetados diretamente pelas manifestações,  não estavam prontos  e não entendiam a crise e qual a sua origem.
Pergunta: Onde estava o gabinete de gerenciamento de crise dos governos para gerenciar e dar as respostas adequadas ao país?
 A presidente Dilma só se manifestou depois de vários dias do início da crise. Relembrando: A preservação da imagem numa crise é fundamental para a reputação e garantias do Estado.
Estamos no meio das Copas da Confederações. O investimento até a Copa do Mundo de 2014 será de aproximadamente 28 bilhões de reais. 
Com certeza a nação brasileira, investidores e a FIFA não estão satisfeito com o resultado, pois a cobertura da Copa das Confederações foi sufocada pelas manifestações em todo o Brasil.
E o prejuízo, quem paga?  
Ficou claro que o investimento em  Segurança dos Eventos não foi eficiente e adequado. Até agora se gastou mais de R$ 600 milhões de reais em segurança que não conseguiu identificar a extensão da crise trazendo prejuízos ao Brasil e o evento .
Foi criado o CICC - Centro Integrado de Comando em Controle - com alta tecnologia no Rio de Janeiro e outros locais para gerenciar o evento e as possíveis crises.
E qual foi a eficiência destes centros em identificar a crise das manifestações? Novamente esqueceram do investimento na capacitação  da Inteligência. O equipamento é importante mas o homem é fundamental.
Qual foi o preparo e a estratégia  para gerenciar a crise?
Em São Paulo e Rio de Janeiro, a primeira reação foi colocar a tropa de choque na rua, seguida por outros estados.  Será que  em nossos dias foi a estratégia mais adequada? Sabemos que não foi a mais eficiente pois o confronto aumentou.
O CDC - Controle de Distúrbio Civil - foi feito adequadamente? Assistimos no Rio de Janeiro a Polícia Militar dizendo que os "cases" serão estudados para diminuir os riscos e aumentar a eficiência.
Por que não foi estudado os "cases" nacionais e internacionais antecipando o preparo e eficiência para gerenciar as possíveis crises? Talvez não acreditassem que uma crise desta fosse acontecer no Brasil. Isso é despreparo.
Em Brasília, os manifestantes correram um grande perigo quando subiram nas cúpulas do Congresso Nacional. Imagine se caísse as cúpulas com as pessoas? Podem dizer, como controlar tantas pessoas? Se tivesse gerenciando a crise com certeza saberiam que as pessoas de Brasília iriam para o Congresso e antecipado a segurança adequada do local.
Na última quinta feira, em Brasília, o fato se repetiu e o confronto aconteceu novamente e os manifestantes correram, e alguns criminosos atacaram o Itamaraty. Mas será que o comando da Polícia de Brasília pensou para onde escoar as pessoas que estavam na frente do congresso?  
 Não são os fuzileiros navais que fazem a segurança do Itamaraty?  Se sim, onde estavam na crise? Onde está a integração dos poderes?
Hoje (23/06/13), Estado de São Paulo, Política, matéria - "O país nas ruas" , vem corroborar com a falta de preparo para a crise.
".......a presidente Dilma Rousseff criou uma espécie de gabinete de crise e rompeu o isolamento do Palácio do Planalto. Avessa a negociações e alvo de críticas no Congresso, ela foi obrigada a montar uma agenda de emergência......."
Gabinete de Crise não se improvisa é uma decisão estratégica para preparar medidas,  protocolos e decidir dentro do comitê as ações de gerenciamento de crise.
O gerenciamento de crise tem que ser definido como política estratégica do Estado, com planos de contingência e emergência,  com seu gestor e membros permanentes e convidados.
É necessário que o Estado esteja ligado aos riscos e as possíveis crises do país. A crise não se inicia agora ela já começou em  tempos anteriores.
O Estado  precisa ter a cultura e a organização de Inteligência preparada para proteger o interesse da nação e a integração com a sociedade, principalmente a  iniciativa privada, que investe e prepara suas ações para superar as crises.
Com certeza as manifestações por um país melhor não para por aqui.  O povo brasileiro e as manifestações faz parte da democracia e o Estado precisa entender as reivindicações e zelar pela segurança e integridade do país.
Nunca subestime a inteligência do povo brasileiro.

 

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Atentado em Boston


Na última segunda feira  pessoas participavam  tranquilamente de uma maratona na cidade de Boston, USA, quando bombas foram detonadas causando  terror, ferimentos e mortes.
Novamente os Estados Unidos sofreram um " ataque terrorista", onde o Estado ficou imobilizado pela falta de informações (pré e pós), e a população atônica e aterrorizada com o evento.
O governo americano ficou aproximadamente 24 horas para reconhecer o evento como atentado terrorista.
Várias discussões são colocadas no sentido de definir terrorismo pelo  Estado, impressa e instituições.
Pergunto:
Será que os terroristas sejam internos ou internacionais se preocupam com a definição clássica?
Claro que não!
Minha definição básica:
Terror:  Ato ou ameaça de violência psicológica provocando reações de medo, tensão e despreparo aos cidadãos e ao Estado.
Terrorismo:  Ameaça ou uso de violência para atingir cidadãos civis e até militares,  através da indução do terror , utilizando  métodos operacionais para ferir, matar e destruir.
Não podemos esquecer que após os ataques as torres em Nova York (11/09/2001), o governo americano criou o USA PATRIOT Act, como objetivo de fortalecer as instituições, fornecendo instrumentos apropriados para combater o terrorismo.
Para fortalecer mais o combate ao terrorismo o ex-presidente George Bush, sancionou a Doutrina Bush, que tinha também o objetivo de  fortalecer o combater ao terrorismo.
Estas políticas foram inseridas no texto do Conselho de Segurança Nacional, intitulada " A Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos,  de 20/09/2002.
A definição clássica de terrorismo na situação de um ataque é o que menos importa, as leis americanas existem podendo utilizar  todos os recursos  de defesa e segurança para combater o terrorismo.
Os  terroristas  procuram sempre divulgar suas motivações e causas . Interessante, nesse evento em Boston isto não aconteceu.  Por que será?  Estamos vivendo uma nova fase do terrorismo?
Até agora no "Terrorismo Clássico" pós ataque,  grupos assumiam autorias e mostravam se dispostos a causa.
O "modus operandi"  neste evento teve  as características de terrorismo, vejamos:

·        Ataque determinado - estudo e preparo do local e ambiente  - (primeira bomba - final da maratona - maior número de pessoas concentradas; segunda bomba - no sentido oposto da maratona em  tempo mínimo, provocando pânico,  fazendo com que as pessoas corressem  em sentido desorientado e oposto, provocando choques e aumentando a  letalidade das vítimas; 

·        Atingir o maior número de civis com a explosão e o impacto das bombas preparadas com perfurantes pregos, para causar mortes e o maior número de feridos;  

·        Causar maior impacto no sistema do Estado, como paralisação de transporte, escolas, sistema financeiro e outros, não só da cidade de Boston mas também dos Estados Unidos, pelo impacto que o terror provoca à esta nação;

·        Agir diretamente (psicologicamente) na sociedade, fragilizando a confiança da população nas medidas de segurança do Estado.  (Segurança = Sensação); e

·        Utilizaram o terrorismo indiscriminado, utilizando  explosivos e dispositivos de bombas a distância para atingir o maior número de pessoas.

Após  três dias ainda não foi identificado os autores e nem as motivações que levaram ao ataque em Boston. Lembramos que sempre um ataque terrorista utiliza uma característica difícil de se combater:  A  Surpresa!
Os Estados Unidos,  possuem um conjunto de agências de inteligência e forças militares e policiais, que buscam a defesa e a segurança da nação.
Mas isto ainda não é o suficiente, o paradigma da situação mundial, crises econômicas, sociais, conflitos e guerras,  levam o " terrorismo clássico", como o Al Qaeda, Talibã e outros grupos e situações, a divulgarem suas causas com maior facilidade e amplitude, criando também células individuais e independentes que buscam atingir os objetivos das causas e motivações.
Também não podemos esquecer que o desenvolvimento e novas tecnologias favorecem as pesquisas e também os incrementos de novas técnicas que operacionalizam o terrorismo.
Hoje, uma das grandes preocupações pelo mundo é um ataque ciber terrorista, que poderá trazer consequências imprevisíveis.
A surpresa de um ataque pode acontecer mas não podemos ser surpreendidos.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Riscos e Ameças Presentes


As crises e riscos climáticos, sociais,  econômicos e cibernéticos estão aumentando geometricamente pelo mundo e no Brasil , através das catástrofes, emergências ,  ameaças e vulnerabilidades.
Os Estados Unidos até hoje não se recuperaram  da catástrofe do Katrina (2005), onde o desastre vitimou aproximadamente  1000 pessoas e tiveram 100 bilhões de dólares em prejuízos .
No ano passado, na região de New Jersey o  Furacão Sandy  trouxe novamente mortes e prejuízos.
No Japão em 2011, tivemos um Tsunami que arrasou a região de Fukushima.
Empresas japonesas com enchentes e inundações na Tailândia perderam mais de 450 milhões de dólares no ano passado.
Mesmo com toda a preparação e proteção que as grandes nações implementam em seus países, os sinistros e desastres  são grandes em decorrência da proporção dos eventos catastróficos.
E no Brasil, o que estamos fazendo?
As catástrofes, emergências e ameaças estão aumentando  em todas as regiões do país. No norte e nordeste estamos com uma grande seca, no Sul e Sudeste, estamos com tempestades, inundações e outras ameaças.
O banco mundial relatou que o Brasil teve perdas financeiras de R$ 15 bilhões entre 2008/2011, com desastres naturais nas regiões de Santa Catarina, Alagoas, Pernambuco e Rio de Janeiro.
Em março (2013), aconteceu novamente um evento na região serrana do Rio de Janeiro e novamente, as medidas foram ineficientes e ineficaz.
Não é só colocar sirenes para alertar a população que irá resolver os problemas de desastres e calamidades.
Primeiro, temos que adquirir uma cultura de prevenção e preparo para catástrofes;
Segundo, precisamos de recursos para a prevenção e preparo para os eventos. E que, esses recursos, sejam administrados e fiscalizados por pessoas capacitadas;
Terceiro,  precisamos de especialistas e pessoas preparadas para lidar com o assunto, não apadrinhados que passam mal quando se ver um desastre;
Quarto, precisamos de verdadeiras lideranças e que a população acredite no seu governo. Isso não é utopia, e sim necessidade já que a população está desacreditada em nossos governante e políticos pela falta de gerenciamento e pela corrupção.
Estudos do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento), estimam que o aumento de temperatura  causarão perdas avaliadas em 100 bilhões de dólares até 2050.
O  mesmo estima que em 2050 a América Latina e Caribe perderão de 30 a 50 bilhões em exportações agrícolas.
O Brasil é o patrocinador de grandes eventos como Copa das Confederações, Papa e Jornada Mundial da Juventude, Copa do Mundo e Olimpíada.
Estamos construindo grandes  estruturas  para os eventos no Brasil , mas estamos preparados para  proteger esses negócios? Na minha opinião, não.
Veja as notícias:  " FIFA exige que o governo responda pela falta de segurança e desastre natural" O Estado de São Paulo, 17/01/2012.
" A Lei Geral obriga o governo federal a indenizar a FIFA em caso de determinados incidentes".
Vocês sabem o porquê disso?
Porque no caso de um incidente, uma catástrofe ou emergência o governo brasileiro será responsabilizado e terá que indenizar a FIFA por não cumprir as exigências da Lei Geral da Copa.
Já imaginou alguns eventos que poderiam acontecer?
- Greve de transportes, de funcionários públicos, paralisações e reivindicações ;
- ataques do crime organizado;
- falta de abastecimento e energia nos eventos;
- ataques cibernéticos nos eventos;
- tempestades, inundações;
- ataques terroristas.
Muitos dizem isso é improvável, mas não podemos negligenciar e descartar uma hipótese de um evento acontecer.
Precisamos repensar nossas estratégias e definir o que é melhor para o país.
Não podemos nos esquecer, que o mundo passa por uma nova ordem política, econômica  e de segurança.
Devemos acreditar,  ter competência  e  estar prontos para minimizar os riscos em nosso país.
As catástrofes e emergências poderão  acontecer e se não estivermos preparados poderemos ter grandes decepções e perdas materiais e humanas novamente.
É importante a visão para a estratégia. Enxergar os problemas e as soluções e disponibilizar recursos para o preparo  e proteção, deixando  os interesses exclusos e a vaidade dos incompetentes que buscam só tirar proveito das situações.